Que meus filhos e netas recordem o meu amor pela escrita! Afinal as histórias são feitas para serem partilhadas. Só assim elas se propagam e se perpetuam...

sábado, 7 de outubro de 2017

O meu baptizado!




Do meu Baú mais uma recordação que me diz muito.O meu baptizado!

Foi na missão do Zobué , a mãe não se recorda do nome do padre.

Eu e a Marilia Costa fomos batizadas no mesmo dia , somos os bébes que estão ao colo das mães.

Pelo correr da vida é desde sempre a minha irmã de leite, porque fui amamentada pela sua mãe.

Nesta foto o cavalheiro à esquerda Sr.Costa do Mussacama, logo a seguir o meu tio Luis Pina que foi o meu padrinho, a Macaia com a Odete ao colo a minha Madrinha Mimi Costa com a Marilia ao seu lado Fernando Costa filho mais velho.

Em frente á minha mãe a Susete Costa e o meu irmão, ao colo eu o bébe que também foi batizado como atrás referi.

Diz-me minha mãe que foi um dia feliz, com uma almoçarada com tudo que no tempo fazia parte das mesas festivas.

O Carro lindo era do meu pai, uma espada para o tempo que era.

A rapariga negra que aparece também  na foto, a Macaiai era o nome dado a rapariga que tomava conta das crianças dentro de um lar, normalmente muito amorosa para as crianças e ajudavam bastante as famílias que tinham muitos filhos.

E desde sempre crescemos juntas, a Marília e eu casamos de vestido de noiva igual sem sabermos de nada, apenas coincidência

Foram maravilhosas as ferias que passávamos todos os anos juntas. Á luz do petromax à noite havia sempre espectáculo, de dia corríamos os bairros indígenas, conversávamos com eles e quando nascia uma criança, regressávamos a casa e o alfaiate que trabalhava na varanda da loja, tinha que parar tudo que estava a fazer para costurar camisinhas, que levávamos depois à feliz mãe, com alguns metros de pano para embrulhar o bébe, sabão, açúcar etc.

Tudo ás escondidas da minha madrinha que depois ao saber, nos dava um raspanete pelo prejuízo, mas depressa passava a zanga.

Como gosto destas fotos com mais de meio século, que fazem parte da minha historia de vida.

Entristece-me por dar conta que dos adultos aqui presentes bem como os irmãos Fernando e Susete, já partiram apenas ainda resta minha mãe,

Que saudade desse tempo e de todos eles.

Como sempre digo, não deveríamos morrer apenas viajar para outro planeta onde sejam felizes e encontrar quando fizermos nós mesmos essa viagem.

E a vida continua.!



terça-feira, 3 de outubro de 2017

O TABULEIRO DE BORBOLETAS


Margarida minha neta corria ontem atrás de uma borboleta branca que voava no jardim, apesar de na mãozinha ter uma rede apropriada nunca apanhava nenhuma.

Vendo-a correr aos gritinhos quando mais rápido que ela a borboleta se esquivava veio-me a lembrança meus velhos tempos.

África, sempre África, também eu adorava ver as borboletas mas apenas isso, apreciar as suas corres maravilhosa que formavam desenhos fantásticos nas asa, poisando aqui e ali.

Eram muitas de todas as cores, um regalo, apreciar a beleza voando em redor das flores e cruzando-se umas e outras como se se exibissem só para mim.

Havia no entanto quem as apanhasse e colocava-as a secar espetadas com um alfinete numa folha de cartão, matando-as pelo belo prazer de as coleccionar.

Achava um crime,  por vezes vinham as lágrimas aos olhos sem perceber o porque deste actos malvados, e fazia barulho correndo pelo jardim para que aqueles homens de fato branco colonial , capacete na cabeça, e redes em punho as não apanhassem.

Acontece que um dia entrei numa sala de jantar e sobre o louceiro, estava um tabuleiro de madeira, e asas de marfim, decorado primorosamente com borboletas lindas vistosas coloridas, protegidas por um vidro.

Encostei-me ao móvel, de braços cruzados sobre meu queixo, olhando perplexa para aquela obra prima, vistosa, colorida, linda logo à primeira vista.

Nesse instante na minha cabecinha fez-se um nó pois achavas lindas voando livremente pelo jardim mas também ali expostas com uma pujança fantástica me agradava.

Não tem conta as vezes que entrava e saía daquela sala sem que fosse apreciar o tabuleiro das borboletas mortas.

Passaram anos, muitos mesmo e jamais esqueci aquele quadrado de madeira com asas de marfim, que sempre me maravilhava,até que um dia destes perguntei a uma herdeira dos bens quando da morte de seus pais, pelo fim dessa obra prima.

Com imensa tristeza soube que as borboletas haviam desaparecido e o tabuleiro largado a um canto das coisas velhas sem interesse.

Fiquei triste pois durante todos estes anos na minha mente continuavam esplendorosas enfeitando um qualquer móvel lá de casa, afinal restava apenas a madeira de vidro já partido largado a um canto, abandonado , triste e velho.

Chamei a Margarida e pedi-lhe que corresse sim atrás das borboletas mas não as apanhasse pois elas tinham uma missão a cumprir e se as apanhasse ficavam tristes e morriam.

Um dia perceberá o porque das minhas palavras talvez até, atravéz desta historia de vida que aqui acabo de contar.